sexta-feira, 14 de maio de 2010

Amar... o que será afinal?...

Amar é, sobretudo, um acto de fé! Amamos porque desconhecemos a razão que nos leva a amar. Se houvesse razão no amor não perderíamos tantas batalhas, não sairíamos, tantas vezes, perdedores… de sentimentos, de emoções, de confiança, de parte de nós mesmos.
Então, porque continuamos a amar, a procurar novo amor, quando na vida as escolhas que fazemos resultam de uma vontade louca de amar… o outro? Será que amamos as pessoas que escolhemos, ou esta recai sobre a “receita”?
Amar, é amarmo-nos incondicionalmente! Sem preconceitos, sem falsas modéstias. Acreditar que somos capaz de amar é, antes de mais, saber que nos amamos. Acreditar que somos capazes de confiar que ao amar seremos amados. Confiar nos nossos valores, nos nossos sentimentos, acreditar que “a vida retribui-nos com aquilo que damos aos outros”. E se achamos que isso “não está bom”, ou “não é suficiente”, então, há que dar mais à Vida.
Acreditar que o amor irá acontecer leva-nos a encarar cada dia com um brilho nos olhos. Ah... os olhos, o espelho da alma! Quem quiser encontrar o verdadeiro amor, procure no fundo dos olhos do parceiro. Se lá no fundo vislumbrar dois velhinhos a passear à beira mar, de mãos dadas, qual casal de jovens apaixonados, então, terá encontrado o verdadeiro amor. Mas atenção, por vezes o reflexo do espelho não é mais do que a mera projecção dos nossos sonhos, porque é vistos com os nossos olhos e, estes, por vezes, pregam-nos umas partidas… Então, como ter a certeza? Não há! Amar é fé! Viver momentos de paixão não é amar. Mas senti-los!… Os acontecimentos não ganham aos sentimentos, mas quando optamos por um amor não estaremos a marcar um acontecimento? E não será este dependente dos nossos sentimentos?...
Amor, sentimentos, paixão, fé… desafios permanentes que a Vida nos coloca, situações com as quais nem sempre somos capaz de lidar, mas, talvez «os nossos valores, e a idade, serão nossos aliados na construção de um melhor fim para as nossas vidas».

Escrito em tempos... enquanto aguardava ser atendida na Linha de Apoio das Finanças

Nunca soube falar
Nunca soube amar
Nunca soube ouvir
Nunca soube experimentar

Na Vida
Há falas que ouvimos
Sem amar, com pudor
Postergamos o sabor da auscultação

Na Vida
Há amores que não sentimos
Ou não ouvimos, ou não falamos
Negamos o gáudio da felicidade

Na Vida
Há vozes que ecoam
Da boca dos amores perdidos, não amados
Dissipamos o sopro do amor

Na Vida
Há gostos diversos, divergentes
Tudo queremos degustar mas
Quitamos o deleite do sal da afeição

Julgamos tudo saber
Sem discernir que tudo temos para descobrir
Escondemo-nos nas acções, sem dizer: Amo-te
Não amamos, não ouvimos

Tudo queremos descobrir
Sem contemplar o que está por perto, à mão
Desprezamos os tesouros do nosso baú
Olvidamos a intrepidez do maior deles: a Vida!

ANA MARIA SANTOS
2007-05-15